Questão:
Você realmente acha que a solução para diminuir a violência seria reduzir a desigualdade social?
Pamela
2013-12-21 16:46:10 UTC
"A paralisia do debate no Congresso e no executivo é, em parte, sustentada por um argumento bastante difundido – e equivocado: o de que, antes de combater o crime com mais rigor, é preciso reduzir a desigualdade social – que seria a principal responsável pela violência.
(...)
"A evolução da taxa de homicídios não mente. Enquanto o Brasil crescia, os pobres passavam a ganhar mais dinheiro e o acesso à educação se difundia. Passou de 14,8 no início da década de 1980 para 22,6 na década seguinte, antes de chegar aos 25,8 em 2012. Recentemente, o perfil da violência tem mudado: os estados do Nordeste tiveram um aumento acelerado no índice de homicídios. E foi exatamente essa região a que mais se desenvolveu economicamente na última década.

O levantamento do Ipea aponta que, em média, um aumento de 10% no número de policiais reduz a taxa de homicídios em até 3,4% no ano seguinte. Os pesquisadores também comprovaram a existência de um efeito inercial que se explica pela seguinte lógica: cada bandido a menos na rua diminui as chances de novos crimes, não só por eles ficarem longe das ruas, mas porque a punição serve para inibir outros possíveis criminosos. Isso significa que um aumento de 10% no efetivo policial pode reduzir, em dez anos, a taxa de homicídios em até 22%. Uma elevação semelhante no número de encarceramentos causaria, no mesmo período, uma redução de 3,3%. Já a elevação da renda e da queda no desemprego não produziram impactos visíveis na redução das mortes violentas."

Veja mais em: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/seguranca-publica-um-debate-ausente-no-pais/

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Achei interessante quando o texto se referiu ao Nordeste.
"Recentemente, o perfil da violência tem mudado: os estados do Nordeste tiveram um aumento acelerado no índice de homicídios. E foi exatamente essa região a que mais se desenvolveu economicamente na última década."
Isso é verdade. Eu moro em Fortaleza, e aqui é a cidade que, nos últimos anos, mais tem aprovado alunos no ENEM, IME e ITA, o que significa que nós crescemos muito. Porém, é a cidade que está em 13º lugar das cidades mais violentas DO MUNDO. Um dia desses, morreu assassinado na rua da minha casa um rapaz que jogava futebol no campinho ao lado. A situação é realmente lastimável.
Nove respostas:
Prof. Progressista
2013-12-22 07:52:30 UTC
Do alto de seus 78 anos, Luiz Suplicy Haffers é uma figura singular. Membro honorário da chamada elite quatrocentona paulista (apesar de ascendentes imigrantes do século 19), ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira, atravessou os principais períodos da história brasileira do século 20 de olhos abertos e mente atilada.



No dia do seu aniversário gravei uma entrevista especial para o Brasilianas.org da TV Brasil que foi uma aula prática de história nacional.



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Haffers sempre foi atento aos grandes períodos de ruptura - internacionais e nacionais. Os tempos passam, as elites mudam porque os vitoriosos da etapa anterior só sabem recorrer às estratégias vitoriosas do passado - assim como os generais franceses da linha Maginot. E transformam-se no grande obstáculo à chegada do novo.



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As transições políticas e econômicas são custosas porque os vencedores da etapa anterior envelhecem, não conseguem entender os novos tempos, mas encastelam-se na política e no poder para impedir o surgimento do novo, diz Haffers. Só aconteceu a industrialização paulista quando os cafeicultores foram derrotados pela crise de 29, diz ele. E, também, quando aparecem os Estadistas, os que conseguem enxergar o novo.



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É por isso que o menino que nos anos 30 andava com chapéu de revolucionário de 32, que abominava Getúlio Vargas e o trabalhismo, sem abrir mão do seu conservadorismo considera que Vargas foi um dos grandes nomes do século, ao olhar as massas desassistidas e abrir espaço para sua inclusão.



Do mesmo modo, o admirador de Carvalho *****, Lucas Garcez e de outros paulistas ilustres - e fiscalmente responsáveis - considera que Juscelino Kubistchek foi outro grande nome, ao abrir o país para a industrialização.



O que ambos tinham em comum? Não se baseavam nos conhecimentos tradicionais, na literatura dos países ricos, mas na análise da realidade, na intuição sobre o novo e no espírito prático. "Por aqui, nós só olhávamos a Europa e tentávamos repetir o modelo que já se esgotara", conta ele. "O novo acontece em Lucas do Rio Verde, em Luiz Eduardo, e o pessoal ainda pensava na Paulista".



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Crítico em muitos aspectos do PT, Haffers considera que o terceiro personagem a promover ruptura modernizante foi Lula, ao estender o olhar do Estado para os milhões de brasileiros desassistidos. Atribui mais uma vez à intuição, ao conhecimento da realidade do mais pobre.



"Nós, da elite, vivíamos dizendo que o mais pobre precisava trabalhar, arrumar emprego, o tratávamos como vagabundos. Lula lhes disse: vocês podem consumir. É mais ou menos igual à Igreja Católica acenando com o pecado, o inferno, e os Evangélicos com a felicidade em terra". A partir da descoberta do consumo, o pobre se integrou ao mercado de trabalho.



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Haffers vê no momento atual uma dessas rupturas modernizantes. Vê, também, um enorme vácuo de figuras referenciais. Mas é questão de tempo para que apareçam as novas lideranças, de uma juventude que o anima a apostar cada vez mais no futuro do país e a se regozijar de, com 78 anos, ainda ter a capacidade de perceber o novo.
anonymous
2013-12-22 02:54:34 UTC
Quer reduzir a violência? Acaba com essa palhaçada de auxílio reclusão entre outras mordomias que os bandidos tem aqui no Brasil. Coloca pena de morte dai o cara vai pensar duas vezes antes de fazer bobagem. A violência só vai acabar quando pararem de incentivar.
?
2013-12-22 01:13:12 UTC
Lastimável. Saiu uma pesquisa relacionando os homicídios a dois fatores: ódio e tráfico de drogas. Estes são os dois maiores responsáveis. Ou seja, no caso do ódio, mata-se por futilidades. No caso das drogas é um problema público que precisa ser resolvido - talvez seja necessário seguir o Mujica.

Fora as outras causas. Mas, em geral, a maioria que mata tem baixo nível de instrução e é ligada a tráfico de drogas. Que pena.



Claro, devemos endurecer as leis, mas não podemos nos esquecer do Social. Uma pessoa mais pobre tem mais chances de tornar-se criminosa - embora uma pequena quantidade. Mas a lei do Brasil é uma prostituta - abre para quem pagar mais...
anonymous
2013-12-22 02:52:32 UTC
Também sou natural de Fortaleza e acho um absurdo a violência e um pouco da falta de educação de nosso povo! Bem como também acho um absurdo esse competitivismo das escolas privadas (cujos alunos serão aprovados no Enem, ITA e IME como você mencionou). Além do mais, ainda não engulo o fato de o Cid Gomes ter botado carros Hilux como viaturas do Ronda! Poderia-se economizar um pouco mais colocando carros mais simples do que esses 4x4 que estão circulando e aumentar o efetivo da tropa! Enfim, são detalhes que acho interessante comentar.



Desigualdade social contribui, sim, para o aumento da violência. Mas ela não é a determinante. O caráter da pessoa também conta, como já mencionaram aqui. O problema é que não há a construção de um caráter familiar sólido, estruturado, pois a família, muitas já ignorantes, não têm o que passar de exemplos para os seus filhos. Óbvio que tem muitos, sim, que são devidamente ensinados a não tirar vantagem em cima dos outros, a se portarem decentemente diante da sociedade. O problema é que o que eu vejo aqui em Fortaleza é muito menino, adolescente, adulto mimado, que tem/teve tudo fácil e, no momento que a situação de vida "acocha" (em alguns casos por não conseguirem sustentar a vida de aparências - muito comum aqui no CE, perdoe-me...), aí enveredam por qualquer caminho afim de não perderem a "qualidade de vida" que já vinham levando desde os tempos de criança (inclusive, tendo estudado em bons colégios como o C7S ou FB). Conheço exemplos de pessoas que se encaixam no que eu estou dizendo. Agora vamos ser sinceros: você já ouviu falar de um homicida, latrocida ou qualquer coisa do tipo que era do bairro Aldeota? Meireles? Daquela região ali da Beira-Mar? Eu não. Se era, morava em alguma favela próxima. Você sabe de quais bairros, geralmente, eles saem? De bairros bem pobres, não é? Nos noticiários, por exemplo, só o que mostram é "pirangueiros" que pegaram, por exemplo, uma condução só para ir assaltar nesses bairros "mundões" (claro que há roubos também nos mais pobres, simples - lembrando também que MUITOS NÃO são bandidos!). Pois é... não estou dizendo que não existe bandido nesses bairros nobres, muito pelo contrário, existe, SIM! A questão é que já é outro nível de bandidagem, não envolve bem homicídios (a não ser que estejamos falando de queima de arquivos ou de pessoas "grandes" do meio que se acham deuses), mas irregularidades, e das GRANDES (empresariais, setores públicos grandes que ficam, geralmente, nesses bairros)!



Então, a desigualdade social tem um peso, sim, na questão da violência/homicídios. Se você assistir qualquer aula de Atualidades também, você verá que a violência às vezes se dá por questões de dificuldades mesmo que uma pessoa pobre passa. Ou seja, ter que pegar várias conduções para se chegar ao trabalho, pouco tempo para lazer, chegar atrasado ao trabalho - em decorrência por vezes dos transportes -, precisar ir ao hospital público e acabar nem sendo atendido, ser assaltado e ter o salário TODO levado por um bandido, enfim, chega uma hora que a pessoa, já sem esperança, vê que é mais fácil roubar do que ter que passar por todos esses transtornos! Lembrando: nem todos são assim! Há quem prefira passar fome e morar, por exemplo, no Centro ao invés de ter que roubar (note que há desigualdade social, mas não há falta de caráter)!



Então, enfim, tudo é muito relativo. O caráter pesa, a desigualdade social também pesa!



Feliz Natal e um grande abraço de seu conterrâneo!! "D
glick lick
2013-12-22 01:19:18 UTC
Se a desigualdade social fosse a maior causa da violência todos os países pobres seriam recheados de criminosos.. Aqui mesmo na América do Sul, nossa vizinha Bolívia tem uma população muito mais pobre do que a do Brasil e lá não se vê tantos crimes como aqui.

A única maneira de reduzir a violência é endurecer as leis. O bandido tem que ter medo da cadeia para pensar duas vezes antes de cometer o crime.
anonymous
2013-12-22 03:50:27 UTC
PÂMELA, o Nordeste está virando 1o mundo, mas isso traz uns problemas. É louvável essa ida de empreendimentos, o crescimento do comércio formal, instalação de redes de shopping, projetos imobiliários, franquias do HABIB'S, franquias da SUBWAY, negócios ligados à Copa da FIFA, aumento do fluxo turístico. Tudo isso leva dinheiro, emprego e renda aos nordestinos.



O problema, realmente, ainda é a desigualdade social nas capitais.



Cidades como Fortaleza, São Luís, Recife, Natal, não comportam mais de 1 milhão ou 2 milhões de habitantes.



Esse crescimento precisa ser planejado para evitar que o povo do interior, geralmente com baixo estudo ou pouca qualificação, se instale em áreas periféricas das capitais. E é isso que ocorre, crescimento desordenado abre leque pra violência. Até Londres e Nova York já tiveram as maiores taxas de homicídio, no final do séc XIX, quando se tornaram metrópoles e concentravam muita riqueza e pobreza.



O capitalismo industrial é assim. Uns ricos, outros pobres.



O povo que migra das cidades do interior não consegue se ascentar num pedaço de terra digno, geralmente cria invasões ou vilas, ficam sem acesso a saneamento, serviços públicos como transporte, creches e hospitais, mas querem viver no mesmo nível de vida da classe média que já está há mais tempo na capital.



Então, querida, esse ambiente hostil, cheio de pobres, é propício pra proliferar o comércio de drogas, prostituição, roubo, porque esse povo da periferia não consegue entrar no mercado de trabalho formal. E quando entram, ganham um salário de R$ 680, que para alguns não serve, então, vão para a criminalidade.



Eu penso que para corrigir essa violência na capital, governadores como o Cid Gomes (PSB-CE) precisam concentrar políticas no interior, para evitar essa migração. E a VEJA é um veículo de comunicação capitalista de direita, que jamais iria defender a distribuição de renda.
?
2013-12-22 01:14:50 UTC
Quem fala que a violência é culpa da desigualdade social, não leva em conta o quesito "caráter". A pessoa sem caráter tem grandes chances de se tornar criminoso, pode ser rica ou pobre.
Alex...
2013-12-22 01:07:06 UTC
As duas coisas estão relacionadas.Mas isso pode ser diferente se usarmos outras variáveis como as características locais. Ou seja, diminuir a desigualdade social pode ou não reduzir com a violência no entanto tende para.



Não é necessário somente diminuir a desigualdade social e sim reformular os planos referentes a o que é uma cidade. Em Salvador por exemplo, temos quase 30% da população morando em Favelas e a área ocupada é grande também.A maior parte do IDH está na orla de Salvador,nos bairros de classe alta.



Com isso pode-se perceber que não basta diminuir a desigualdade.São diversos fatores físicos,e lógicos que são discriminados incessantemente.





A desigualdade faz parte de um problema. E não é o problema em si.É comodismo pensar assim.





Segundo a Exame "4º Bahia – 40,7 mortes/100 mil habitantes".





Meu ponto de vista é esse.



Att,Alex.
jose b
2013-12-22 18:30:59 UTC
NÂO . Para diminuir a violencia basta o sistema juridico funcionar


Este conteúdo foi postado originalmente no Y! Answers, um site de perguntas e respostas que foi encerrado em 2021.
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